Estamos absurdamente acostumados ao milagre de que uns poucos sinais escritos são capazes de conter imagens imortais, espirais de pensamentos, novos mundos com pessoas vivas que falam, choram e riem. Aceitamos isso com tanta simplicidade que de certo modo, pelo próprio ato da aceitação insensível e rotineira, desfazemos a obra de todos os tempos, a história do desenvolvimento gradual da descrição e construção poéticas, do hominídeo a Browning, do troglodita a Keats. Que aconteceria se acordássemos um dia, todos nós, e descobríssemos que éramos totalmente incapazes de ler? Quero que vocês se maravilhem não apenas com o que lêem, mas com o milagre de que algo seja passível de ser lido.